O valor da metodologia ágil no desenvolvimento de produtos

Com os atuais desafios do mundo dos negócios, marcado pela alta tecnologia e competitividade, desenvolver produtos e serviços de qualidade é essencial para as empresas que desejam crescer e se destacar. Com isso, o desenvolvimento precisou acelerar o ritmo de produção e acompanhar a evolução do mercado. A partir desta necessidade, surgiu a metodologia ágil, que vem sido adotada cada vez mais por empresas em todo o mundo.

Logo, entenderá definitivamente o valor da metodologia ágil no desenvolvimento de produtos.

Mas, me conta, o que é metodologia ágil? Qual a importância dela?

A metodologia ágil (ou Agile Method) são grupos de práticas e métodos que tem como objetivo a entrega rápida e de alta qualidade de um produto ou serviço. O processo de gerenciamento de projetos acontece em ciclos incrementais e constantes. Cada etapa da construção do produto é testada, validada e ajustada durante o seu desenvolvimento. Dessa forma, as equipes conseguem mitigar possíveis imprevistos e erros, além de entregar mais valor e transparência para o cliente, com agilidade, permitindo que ele tenha visão e acompanhamento constante do funcionamento do produto, antes de chegar à versão final.

Resumindo, empresas ágeis podem aumentar drasticamente a produtividade e encurtar os ciclos de entrega das soluções, melhorando a qualidade da solução e integrando o cliente ao projeto durante toda a sua execução.

 

Quando ela surgiu?

A metodologia ágil começou a ser utilizada na década de 90, mas passou a ser amplamente difundida em 2001, quando um grupo de desenvolvedores influentes dos Estados Unidos criou o Manifesto Ágil, que traz os princípios e valores dessa metodologia que se tornou tão importante dentro das empresas. Os valores que o Manifesto propaga são: 

  1. Indivíduos e as interações entre eles, mais que ferramentas e processos; 
  2. O software funcionando, mais que uma documentação abrangente; 
  3. Colaboração com o cliente, mais que a negociação de contratos; 
  4. Respostas às mudanças, mais que cumprir fielmente um plano.

Apesar de ter surgido em empresas de desenvolvimento de softwares, a metodologia ágil pode ser aplicada em diversos casos e empresas de outros segmentos. 

 

E quais são os tipos de métodos ágeis?

Dentro das metodologias ágeis, existem vários métodos. O ideal é escolher aquele que faz mais sentido para o projeto que está sendo realizado. Vamos conhecer alguns deles?

Scrum

O Scrum é, provavelmente, um dos métodos ágeis mais conhecidos, tanto que até o FBI aderiu ao uso dele. Aqui na Hu., utilizamos esse método para organizar o nosso processo interno e podemos dizer que somos fã dele 🙂  Vamos conhecê-lo mais à fundo?

Dentro do Scrum, os projetos são divididos em ciclos iterativos com tempo pré-determinados, que podem ser semanais, quinzenais ou mensais, conhecidos como Sprints, e é dentro dessas sprints – desses ciclos – que as equipes irão trabalhar nas demandas que foram definidas pelo Product Owner. 

O Product Owner

O P.O é a pessoa responsável por gerenciar todo o processo, definindo e priorizando todas as funcionalidades que farão parte do projeto completo.

Sprint Planning

No início de cada Sprint, a equipe faz uma reunião de planejamento, chamada de Sprint Planning, onde o Product Owner prioriza os itens do Product Backlog e a equipe seleciona as atividades que ela será capaz de trabalhar durante a Sprint que irá começar. 

Daily Scrum

Para deixar todos a par do andamento das atividades e pontuar possíveis impedimentos e dificuldades, a equipe realiza diariamente a Daily Scrum, reuniões super rapidinhas que tem como objetivo otimizar a comunicação da equipe

Sprint Review

No fim da Sprint, a equipe faz uma reunião para apresentar as atividades que foram executadas e implementadas durante a sprint (Sprint Review), seguida de uma retrospectiva, onde a equipe aponta todos os fatos positivos e negativos que rolaram na Sprint. 

Depois disso, o que acontece?

Um novo ciclo de sprint se inicia.

Em síntese, o Scrum acontece dessa forma:

scrum

Kanban

Você provavelmente já deve ter feito ou visto alguém utilizar o Kanban alguma vez na sua vida sem saber. É um método super simples, portanto, pode ser utilizado tanto no ambiente profissional como também para a organização pessoal e individual.

Em resumo, o Kanban utiliza um quadro que ajuda a assimilar e a controlar o progresso das suas tarefas de forma visual. Essas anotações são normalmente dispostas em um quadro que representa todas as fases do processo produtivo, e essa forma de visualização ajuda a identificar facilmente os gargalos do processo. Com o objetivo de estimular a melhoria contínua, um outro conceito interessante que está presente no quadro é o limitador de trabalho WIP(work in progress) que controla a cadência das atividades. Assim que cada etapa é concluída, o ticket, por se tratar de um sistema puxado, avança para a etapa seguinte até que a tarefa seja concluída. De forma geral, funciona dessa maneira:

Ou, de forma bem simplificada e resumida, um quadro do Kanban pode ser representado assim:

Kanban

Além disso, o quadro do Kanban, inclusive, pode ser utilizado em conjunto com outros métodos ágeis, como o Scrum, facilitando ainda mais a visualização do andamento e do fluxo das atividades. Uma curiosidade é que o Kanban foi criado pelo executivo da Toyota, Taiichi Ohno, lá em 1960, como uma forma de ajudar a empresa a se modernizar e a sair da crise que enfrentava nessa época. Interessante, né?

Além destes métodos, podemos citar vários outros como o TDD, FDD,  DSDM, XP, SAFe,  entre outros.

 

O olhar de um profissional da Metodologia Ágil

 

Danilo Novelino, também conhecido como Major, é um dos fundadores e o responsável pela área de Growth da Hu. Ele acumula vários anos de experiência com metodologias ágeis na sua jornada profissional, tendo trabalhado como Agile Coach, Product Owner e Gerente de Projetos em empresas de tecnologia.

Convidamos ele para responder algumas perguntinhas e compartilhar um pouco da sua visão sobre o assunto aqui no blog:    

 

  • Há quanto tempo você trabalha com metodologias ágeis? Por quê você escolheu trabalhar com elas? Conta um pouco pra gente sobre a sua experiência.

Trabalho com metodologias ágeis há quase 10 anos e dei sorte de utilizar por conta do contexto, já que na universidade só víamos metodologias tradicionais. Já explico… Desde a universidade, já sentia que meu negócio em tecnologia tava mais relacionado aos métodos de organização do trabalho em engenharia de software do que as linhas de código propriamente dito. A minha primeira experiência no mercado de trabalho foi uma oportunidade única, de finalizar um produto que seria “aposentado” pela empresa, onde tive carta branca para aplicar os métodos que desejasse. E tive a sorte de ter grandes mentores nesse início de jornada, que me orientaram (inclusive… grande abraço para Ronaldo Nóbrega, Sérgio Carlos e Carlos Brandão!). Além disso,  comecei a cursar uma pós-graduação que tratava exclusivamente de metodologias ágeis, então, basicamente, o que aprendia, já testava no time do projeto e assim fui aproveitando o que agregava valor ao time e a empresa. 

 

  • Para você, qual o maior benefício de se trabalhar com métodos ágeis em relação aos métodos convencionais para a empresa e para o desenvolvimento de novos produtos?

Existem diversos fatores que levaram as metodologias ágeis a terem essa aderência absurda nas empresas por todo o mundo. Na perspectiva empresarial, destaco a redução no “time to market” (fator importantíssimo num mundo extremamente competitivo, em escala global). No desenvolvimento de produtos,  a grande vantagem é no feedback constante, em relação ao seu desenvolvimento. Utilizando conceitos como o “product discovery”, que busca a validação de uma hipótese construindo um MVP para ter resposta rápida, combinado a um “product delivery” eficiente que, quando executados de forma sistemática temos o “Dual Track Agile”, que executamos aqui na Hu. Poderia falar só sobre isso, mas, em síntese, o valor que mais beneficia, de modo geral, é a sinergia entre as pessoas, o compartilhamento de um desafio comum, onde todos têm a possibilidade de moldar a solução, é incomparável. Engajamento faz toda diferença.

 

  • Você já implantou a metodologia ágil do zero dentro de uma empresa? Como foi esse processo? E quais foram as maiores diferenças que você observou no antes e depois?

Tive algumas experiências de ajudar times a se organizarem através da implementação de metodologias ágeis. Normalmente os cenários são semelhantes: uma série de atividades sendo executadas de forma isolada, falta de visibilidade dos gargalos na produção, retenção de conhecimento em indivíduos específicos, ausência de objetivo comum, pouca ou nenhuma interação entre os indivíduos do time, e diversos outros desafios. Geralmente há uma boa recepção do time, até porque, na maioria das vezes já há o sentimento de que as coisas precisam mudar, então, métodos enxutos tem uma boa aderência. Sempre tomei o cuidado de envolver os indivíduos nas decisões do processo para gerar engajamento. Assim, todos executavam o método da forma que ajudaram a montar, estimulando o olhar crítico e corrigindo o que fosse necessário. A diferença é notável nas primeiras semanas do processo, o engajamento de todos em entregar os objetivos acordados é inspirador. Logo, a integração entre o time muda e a comunicação se torna constante. Por fim, os desafios vão sendo superados, um a um, e os resultados são percebidos por toda a organização. 

 

  • Atualmente, como você avalia a aderência das metodologias ágeis dentro dos negócios? Você acredita que com o crescimento constante da tecnologia, o cenário está mudando e as empresas estão cada vez mais se adaptando a essa realidade?

É indiscutível a velocidade das mudanças num mundo cada vez mais digital, essa crise que estamos vivendo vai acelerar ainda mais a “digitalização” do que ainda não foi digitalizado. E, no processo de criação e crescimento, é fundamental ter a capacidade de ler, entender e responder em tempo hábil. E é justamente nesses pilares que as metodologias ágeis atuam. A adoção é inevitável nesse Hu.niverso de transformação digital, quem não seguir os modelos mais leves, terão dificuldades de entender e atender o mercado no tempo necessário, colocando em risco as oportunidades. 

 

  • Você tem uma método ágil favorito? Qual e por quê?

Particularmente, não tenho um método favorito, mas tenho um carinho especial pelo Scrum, que é a metodologia que mais utilizo. O Scrum tem um processo simples, que permite sempre a reflexão e visualização dos resultados desenvolvidos, tem um “time in box” bem definido, porém, flexível para uma necessária mudança de objetivo. Além de tudo, o conceito é muito bem assimilado pelos “stakeholders” envolvidos no processo.